Mulheres hoje e ontem

Um ontem recente, buscam meios para manifestar o seu modo de vivenciar a espiritualidade, religiosidade, fugindo dos esquemas antigos onde o patriarcalismo, e ortodoxia imperam, e sufocam a crença em um feminino sagrado, e divino.
Mulheres buscam uma conexão mais explícita com sua integridade pessoal como fêmeas, sem deixar de lado, a busca por outros mundos, e espaços, onde cresçam e expandam direitos, e pontos de vista.
A Espiritualidade Feminina Pagã, é um dos múltiplos fragmentos que o novo século oferece a Terra e seus moradores para que haja essa reconexão e releitura de valores, quiçá muito mais naturais, e ecologicamente corretos, que em outras eras, mesmo impregnados pelos avanços tecnológicos e de mídia.
Mas que atuam a favor da teia que o mundo virtual tece entre as fêmeas pagãs e neopagãs, do hoje.
Criando consciências mais amadurecidas e críticas. Consciência em expansão e mutação.
Círculos femininos brotam diariamente nos mais longínquos pontos do planeta, com propostas e dinâmicas diversas, mas que em comum possuem o desejo de reverenciar a sacralidade individual da mulher, o feminino divino em culturas e civilizações antigas e novas, resgatar as práticas de outrora, e idealizar outros meios de ritualizar e celebrar a vida, humana, e natura.
Embarco nesse intento de oferecer este espaço dedicado a essa Espiritualidade Feminina Pagã sem conotações sexistas e excludentes, sem demeritar o masculino divino e sagrado pagão, buscando semear essa meta e propósito com o virtualis mundi, ouvindo, participando e aprendendo nessa nossa construção do mundo pagão brasileiro.
Sou fêmea, pagã, bruxa, ativista pela tolerância religiosa, e pela liberdade de expressão.
E principalmente defensora de um Paganismo Livre.
Sou mulher como você, como suas parceiras, como outras mais, que perambulam pelo mundo afora, todas buscadoras incansáveis!

Acredito nas conexões que surgem dentro do mundo virtual, acredito na produtividade e reconstrução que esses encontros e conexões permitem acontecer!


Luciana Onofre

Meu jardim

Me mudei para esta casa em 2003, mais exatamente em fevereiro, grávida do Felipe.

Mesmo no final da gravidez, com um barrigão gigantesco podia quem queria, me ver mexendo na Terra, plantando, poudando, molhando o jardim…

Compartilho com vocês algumas imágens dele.

Devo acrescentar que Felipe, nasceu assim como eu, ligado ao Verde!

E que sempre que me sinto triste ou oprimida no meu jardim me reencontro com a paz interior.

ele

rosas meninas

rosa alface

cica revoluta

gata

Florais, flores, ser melhores…

terapias

Este é “um eu recomendo”, um lindo site que aborda as terapias com essencias, ultrapassando a receita ” florais de bach”, não que o desmereça, mas sim que mediante esse espaço entrei em contato com um universo “expandido” onde cogumelos, florais da Califórnia, cactus, orquídeas, os australianos simplesmente me deixaram motivada para finalmente encontrar meios* e realizar um curso de terapias florais, essencias, da alma!

A dica foi da minha mamy da alma Siusi, que sempre no momento exato me atinge a alma.

O site: Terapia Floral

Em noite de domingo,

Luciana Onofre

* money 🙂

Do “As Ervas do Sítio”

rosas

Coloco a seguir conforme prometi a Iony, alguns fragmentos desse livro.

Comprei “As Ervas do Sítio” em 2000, e amei, por que é impossível não se apaixonar por ele, pelas belíssimas ilustrações, pelo estilo da escrita, intimista que te faz viajar e sentir odores e texturas.

É uma escrita mágica, sobre o Verde, sobre ele e nós, sobre como podemos ter em casas ou apartamentos belas jardineiras ou canteiros permeados de aromas e cores.

  • Anethum graveolens

Aneto ou Endro

Anual – origem: mediterrâneo e sul da URSS – família: umbelíferas – partes usadas: toda a erva – símbolo: amor – planeta: mercúrio – gênero: masculino – poderes e uso mágico: proteção contra o ataque de outras feiticeiras – elemento:fogo.

  • Achillea millefolium

Aquiléia

perene – origem: europa – família: compostas – partes usadas: folhas e flores – símbolo: casamento feliz – planeta: vênus – gênero: feminino – poderes e uso mágico: saúde no amor – elemento: água.

  • Ruta graveolens

Arruda

perene – origem: sul da europa – família: rutáceas – partes usadas: folhas e flores – símbolo: arrependimento – planeta: marte – gênero: masculino – poderes e uso mágico: força mental – elemento: fogo.

  • Chrysantemum parthenium

Artemísia

perene- origem: irá e iraque – família: compostas – partes usadas: folhas e flores – símbolo: proteção – planeta: vênus – gênero: masculino – poderes e uso mágico: evita acidentes – elemento: água.

  • Rumex scutatus

Azedinha

perene – origem europa e ásia – família: poligonáceas – partes usadas: toda a erva – símbolo: saúde – planeta: vênus – gênero: feminino – poderes e uso mágico: protege o coração – elemento: terra.

  • Aloe vera

Babosa

perene – origem: áfrica – família: liliáceas – partes usadas: folhas – símbolo: proteção – planeta: lua – gênero: feminino – poderes e uso mágico: proteção e sorte – elemento: água.

  • Borago officinalis

anual – origem: mediterrâneo – família: boragináceas – partes usadas: folhas e flores – símbolo: coragem – planeta: júpiter – gênero: masculino – poderes e uso mágico: força psíquica – elemento: ar.

  • Calêndula officinalis

Calêndula

anual – origem: sul da europa – família: compostas – partes usadas: flores – símbolo: amor – planeta: sol – gênero: masculino – poderes e uso mágico: sonhos que mostram o futuro – elemento: fogo.

  • Anthemis nobilis

Camomila

anual e perene – origem: europa e ásia – família: compostas – partes usadas: flores – símbolo: prosperidade – planeta: sol – gênero: masculino – poderes e uso mágico: atrair dinheiro – elemento: água.

  • Equisetum arvensis

Cavalinha

perene – origem: o mundo inteiro menos a nova zelândia e a austrália – família: equissetáceas – partes usadas: folhas – símbolo: fertilidade – planeta: saturno.

  • Allium shoenosprasum

Cebolinha

perene – origem: china – família: liliáceas – partes usadas: bulbos e folhas – símbolo: proteção – planeta: marte – gênero: masculino – poderes e uso mágico: exorcisante – elemento: fogo.

  • Petroselinum sativum

Salsa

bianual – origem: sardenha – família: imbelíferas – partes usadas: toda a erva – símbolo: purificação – planeta: mercúrio – gênero: masculino – poderes e uso mágico: purificação – elemento: ar.

  • Anthriscus cerefolium

Cerefólio

anual – origem: mediterrâneo – família: umbelíferas – partes usadas: toda a erva – símbolo: fertilidade – planeta: mercúrio – gênero: masculino – poderes e uso mágico: purificação – elemento: ar.

  • Coriandum sativum

Coentro

anual – origem: mediterrâneo – família: umbelíferas – partes usadas: sementes – símbolo: amor – planeta: marte – gênero: masculino – poderes e uso mágico: amor e saúde – elemento: fogo.

  • Symphytum officinalis

Confrei

perene – origem: ásia e europa – família: boragináceas – partes usadas: toda a erva – símbolo: proteção – planeta: saturno – gênero: feminino – poderes e uso mágico: segurança nas viagens – elemento: água.

  • Taraxacum officinalis

Dente de Leão

perene – origem: europa e ásia – família: compostas – partes usadas: toda a erva – símbolo: adivinhação – planeta: júpiter – gênero: masculino – poderes e uso mágico: atrai os espíritos – elemento: ar.

  • Melissa officinalis

Erva – cidreira

perene – origem: meditarrâneo – família: labiadas – partes usadas: todas a erva – símbolo: sucesso – planeta: lua – gênero: feminino – poderes e uso mágico: amor e cura – elemento: água.

  • Malva sylvestris

Gerânio

perene – origem: áfrica do sul – família: malváceas – partes usadas: folhas e flores – símbolo: proteção para a saúde – planeta: marte – gênero: feminino – poderes e uso mágico: fertilidade, amor e proteção – elemento: fogo.

  • Mentha piperita

Hortelã- pimenta

perene – origem: mediterrâneo – família: labiadas – partes usadas: toda a erva – símbolo: hospitalidade – planeta: mercúrio – gênero: masculino – poderes e uso mágico: proteção, saúde e dinheiro, exorcismo – elemento: ar.

  • Lavandula vera

Lavanda

perene – origem: mediterrâneo – família: labiadas – partes usadas: folhas e flores – símbolo: purificação – planeta: mercúrio – gênero: masculino – poderes e uso mágico: banhos de purificação – elemento:ar.

  • Laurus nobilis

Louro

perene – origem: oriente – família: lauráceas – partes usadas: folhas – símbolo: cura – planeta: sol – gênero: masculino – poderes e uso mágico: exorcismo – elemento: fogo.

  • Ocimum basilicum

Manjericão

perene – origem: índia – família: labiadas – partes usadas: toda a erva – símbolo: prosperidade – planeta: marte – gênero: masculino – poderes e uso mágico: mente alerta, felicidade e paz – elemento: fogo.

  • Origanum majorana

Manjerona

perene – origem: mediterrâneo – família: labiadas – partes usadas: toda a erva – símbolo: amor – planeta: mercúrio – gênero: masculino – poderes e uso mágico: fortalecimento e amor – elemento:ar.

  • Origanum vulgare

Orégano

perene – origem: mediterrâneo – família: labiadas – partes usadas: toda a erva – símbolo: amor – planeta: mercúrio – gênero: masculino – poderes e uso mágico: felicidade – elemento:ar.

  • Tropaeolum majus

Nastúrcio

anual – origem: peru – família: tropaeoláceas – partes usadas: folhas, flores e sementes – símbolo: patriotismo – planeta: marte – gênero: feminino – podere e uso mágico: energia física e proteção – elemento: fogo.

  • Mentha pulegium

Poejo

perene – origem: mediterrâneo – família: labiadas – partes usadas: toda a erva – símbolo: virtude – planeta: marte – gênero: masculino – poderes e uso mágico: proteção – elemento: fogo.

  • Indica – Dascena Gallica – Canina

Rosa

perene – origem: pérsia e índia – família: rosáceas – partes usadas: flores – símbolo: amor – planeta: vênus – gênero: feminino – poderes e uso mágico: todas as magias, os atos de amor – elemento: água.

  • Salvia officinalis

Sálvia

perene – origem: mediterrâneo – família: labiadas – partes usadas: toda a erva – símbolo: virtudes domésticas – planeta: júpiter – gênero: masculino – poderes e uso mágico: prosperidade – elemento: fogo.

  • Satureja hortensis

Segurelha

anual – origem: mediterrâneo – família: labiadas – partes usadas: toda a erva – símbolo: força – planeta: mercúrio – gênero: masculino – poderes e uso mágico: poderes mentais – elemento: ar.

  • Thymus vulgaris

Tomilho

perene – origem: mediterrâneo – família: labiadas – partes usadas: folhas e raízes – símbolo: coragem – planeta: vênus – gênero: feminino – poderes e uso mágico: amor e saúde – elemento:ar e água.

  • Urtiga dioica

Urtiga

perene – origem: europa e áfrica – família: urticáceas – partes usadas: toda a erva – símbolo: exorcismo – planeta: marte – gênero: masculino – poderes e uso mágico: repele as pragas – elemento: fogo.

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Fonte: As Ervas do Sítio. Rosy L. Bornhausen. Ed. BEI. 8ª Edição. 1998.Sp.

Bom proveito, ou bom plantio!

Luciana Onofre

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Foto da rosa, de Luciana Onofre, 2008.

Meu altar

altar

Ele perambulou por muitos espaços da nossa casa.

Dentro, fora.

Hoje ele está em meu quarto.

Me traz paz, afago, bem-estar.

Nele não sigo “receita” de altar.

Apenas disponho o que me diz algo, e por entender cada elemento da natureza como imprescindível para mim, busquei que no meu altar algo deles estivesse.

Sinto falta de uma imagem.

Feminina.

Espero que não demore em encontrar.

Luciana Onofre

Fotos: Luciana Onofre, 2008

altar

Cuál es tu Diosa hoy?


Hay días en que amanecemos no siendo nada, o en los que somos lo opuesto, o lo exacto a lo que somos.
Hoy amanecí, deseando desahacer el Caos, organizar la vida, la mía más precisamente. Deseando que la buena fortuna me mire a los ojos y sonría. Deseando que pueda yo ejercer la maternidad a todo dar, sin extremos ni faltas.
Deseando, ser la Sanadora, del espíritu y del cuerpo.
Hoy amanecí deseando ser audaz y fuerte, ser todas Ellas en la medida correcta.
Ser yo misma, en equilíbrio, bajo la mirada de todas las Diosas, bajo sus auspícios, bajo sus bendiciones.
Hoy amanecí, lo que ya es mucho, considerando los que anochecieron pero no vieron el alba hoy y nunca más…

Amanecí siendo un poco de todas Ellas:

Siendo Gaya, sintiendo las aguas primordiales escurrir por la venas y sacudiendo el Caos.. Diana, Artemisa, Atenea, Minerva, liberando las cadenas de mi yo escondido, amando la libertad, tomando decisiones, abandonando la opinión ajena sin desrespetarla, pero sin hacerla mía por así lo quieren…
Siendo Hera, Deméter, Perséfone al dejarle puerta abierta a mis sentimientos y emotividad, madre, hija, esposa…
Amanecí con la fuerza de Freya, Coaticlue, deseando realizar, crear, ser.
Brigith, mi querida Diosa personal, para con agua y fuego transformar, despertar el amor y alimentar mi energia…
Inana, Pele, Sekhmet, bailando con mis sombras sin temer la imagen ante el espejo…ni lo que detrás de él se esconde.
Amanecí descubriendo que Tara y Kuan Yin son buenas opciones para activar parte de mí que aún no conocí…la meditación profunda, la contemplación.
Sintiéndome Lakshimi en medio al jadin de la mejora y abundancia…

Hay días en que amanecemos no siendo nada, o en los que somos lo opuesto, o lo exacto a lo que somos.

diosa

Luciana Onofre

Feminino sem frescuras!

livre do medo

Sou fêmea que cria “a cria”sem lamentos pelo tempo perdido, nem dores de amores.
Que escolhe amores, não pela liberdade em poder ter os amores que desejar, mas sim o amor que me constrúa…
Meu feminino não alega mal-estar para sentar e esperar o que o tempo deve trazer, mas corre pela estepe atrás do que quer ver acontecer.
Meu feminino não usa muletas que justifiquem meus erros colocando-os em outros, assumo atos, palavras, pensamentos.
Meu feminino não se traveste de masculino para penetrar no mundo mas se viste de múltiplas cores para ser o mundo.


Luciana Onofre

Tecendo

sentada

Ficar horas sentada, com agulha e linha em mãos é para mim um prazer, desde sempre.
No meu país, as pessoas tecem, de fato em quase toda a região andina o fazem, sejam homens ou mulheres, isso advém das nossas raízes indígenas, dos antepassados que por causas climáticas tinham que tecer…
Tecer foi assim, primeiro, necessidade física, de sobrevivência, mas tomou outras conotações em mãos de um povo que em tudo vê o sagrado, mesmo sendo profano à primeira vista. Vestes, mantos, toucas, “ruanas”, colchas ganharam cores, cores que não somente serviam para alegrar e tornar mais quentes as linhas, mas para sinalizar finalidades e assim demarcar usos.
Tecelãs e tecelões foram acurando os pontos, os arremates, aperfeiçoando as texturas, os matizes, delineando com sutileza formas e imagens, que faziam parte do cotidiano e do divino para meus antepassados.
Longos silêncios imperavam em espaços abertos, onde a luz do Sol irrompia. Aquecendo o ambiente frio, dando às cores luminosidade e brilho, o que tornava o silêncio alegre. E mais do que isso, esse silêncio tecia histórias, tecia a história pessoal de cada tecelão e casa, e a da tribo, a da aldeia onde nasciam.
As mantas e tapeçarias que lá surgiam ocupavam lugares diversos, mas sempre aos olhos de quem os fazia, ou de quem nada a ver tinha com aquela atividade, mas sabia ser imprescindível para a lembrança das lendas, das estórias, das vidas, ali envolvidas.
As técnicas foram passando de pais para filhos, em cada tribo ou grupamento, cada uma, a técnica, tendo segredos e misturas próprias que as tornavam únicas e diferenciadoras entre tais grupos. Assim, certos pontos, cores, e diagramas faziam parte da identificação de uma classe, categoria, ou etnia entre os andinos. Diferenciação entre grupos indígenas.
No campo do ritualístico, as mantas e paramentos produzidos retratavam formas sagradas para os indivíduos. Animais sagrados, de poder eram transpostos aos tecidos, histórias divinas e deidades ali retratadas.
Vale lembrar que as crenças em seres supremos, é oriunda nessas terras da reverência à Terra, e aos animais, e fenômenos metereológicos. Ao trovão, à chuva, à água, às montanhas, ao jaguar, ao falcão, à rã, à cobra, ao vulcão… La Luna y El Sol. Vemos figuras antropomorfas, resultado do amalgama entre o humano e o sobrenatural animal.
E esta arte, a de tecer, passando de pai para filhos, de mãe para filha, perpetualizou-se! É hoje admirada e degustada por quem se aventura a percorrer países andinos, por aqueles que se permitem a fuga dos roteiros comerciais e penetram pelas cordilheiras dos Andes.
Para eles, os aventureiros ou reverenciadores do Antigo, lhes é oferecida a oportunidade de vivenciar a produção dos tecelões, que sentados na grama escarpada, sob a luz gélida do Sol, tecem em grupos. E ver uma manufatura secular, milenar que não se altera, nem perde suas origens.
Tapeçarias andinas podem ser admiradas como algo belo, mas também se o quiser o espectador, e tendo quem o oriente, podem desvendar pequenos mitos e lendas que nelas são ilustradas, contos familiares, de clãs, sucesso heróicos, ritos, celebrações… A vida do povo que ali vivia antes do branco chegar. E que graças às tapeçarias e aos tecelões se torna viva e palpável para o indivíduo do hoje.
Assim retomo o inicio deste relato. Tecer faz parte da minha família. Pois possuo sangue índio, do índio andino equatoriano. Minha avó tecia, sentada quieta, belas colchas, gigantescas, passando meses na sua confecção. Caminhos de mesa, peças de roupa. Com pensamentos distantes. Ao vê-la sempre era isso o que fazia analisá-la: o quê pensava?
Eu teço não mantas quilómetricas, ainda que possa um dia vir a fazê-las. Teço desde os 9 anos. Com linhas brancas ou coloridas, nomes, flores, pássaros, árvores, animais. Bordo, teço, sentada como minha avó o fazia, pensando, e hoje sei o que acontecia quando ela o fazia: colocava em cada ponto dado um pensamento. Um desejo, um sonho, um pesadelo, um acontecimento, uma previsão…
É isso que creio pensamos e fazemos ao tecer, bordar, colocamos pedaços de nós em cada pedaço, a cada laçada, a cada centímetro concluído.
Serve para mim como recordatório, muito mais do que um álbum de fotos. Serve como tele transporte: ao ver um lençol bordado, uma toalha, uma fronha, uma colcha decorada por mim, lembro com riqueza de detalhes o cheiro do momento, os acontecimentos da época, os sentimentos que vivia…
E desvendei assim o segredo dos tecelões andinos, aqueles que vieram antes de mim.
Tecendo refizeram a nossa história, deram vida às linhas e cores, com seus próprios sentimentos de amor e apego a suas raízes, conseguiram trazer o ontem para o hoje, e principalmente mantiveram vivas suas crenças, seus deuses, seus ritos. Na linguagem da arte tecida.
Bendiciones de Tus Antiguos, sean ellos quienes sean!

Luciana Onofre

Tierra sentimientos de otros pueblos y eras…

Em tempos de seca, de terra árida, onde tempos se desequilibram com estações vale lembrar o que outras nações já idas e perdidas, aqui sentiram e manifestaram.
Filosofia Náhualt (Mejico)

“Es verdad que se vive sobre la Tierra?
No para siempre en la tierra: sólo un poco aquí.
Aunque jade se quiebra,
Aunque oro, se rompe,
Aunque sea plumaje de quetzal se desgarra,
no para siempre en la tierra: sólo un poco aquí…”

Da poesía lírica azteca:

“Qué hará mi corazón?
Acaso sólo en vano vino a la Tierra?
Me iré de otra manera que las flores que fenecieron?
Nada ha de quedar de mi fama que de algún modo dure?
Nada dejaré en la Tierra, cuando me haya ido?
Al menos flores, al menos cantos.
Qué hará mi corazón?
Acaso sólo vino a la Tierra en vano?”

Pensamentos para refletir no começo de semana, que podem perdurar para sempre se ouvidos e lembrados…
Ter mais o que deixar que rixas e desencontros, dissonâncias e desequilíbrio, seja para a Terra ou entre nós…
Buscar ir além do superficial, ater-se menos a pequenos detalhes que impeçam a união entre aqueles que Nela, a Terra encontram mais do que imagens, e sim espíritos vivos e necessitados.
Buscar mais denominadores em comum do que diferenças… Para sarar a Terra devemos sarar nossas mentes e a harmonia encontrar.

Pensar naquilo que nossa religiosidade declama e não somente divagar…Afinal somos tão poucos. Mas que unidos podem formar uma rede que sustente nossas crenças e faça mais por todos.
Foram egos, egocêntricos dos conquistadores os que dissiparam os conquistados…

Que tal deixar de medir forças e somar lado a lado? Tornando viva a palavra de quem já com a Terra viveu em sincronia?

Bênçãos dos meus, dos teus Antigos!

Luciana Onofre

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